Artigos

Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) potencialmente associada à COVID-19

O mundo está enfrentando uma pandemia sem precedente, os países da Europa e America do norte conseguiram controlar a infecção com uso de vacinas. O Brasil ainda sofre com número elevado de casos de infecção e morte, mais de 500.000 vidas perdidas até junho.  Os fatores de riscos para doença grave são: idade avançada, hipertensão arterial, diabetes mellitus e obesidade. Durante este período da pandemia, observamos que as crianças apresentam menores casos de infecção e quadro clínico mais leve comparado aos adultos; as crianças e adolescentes até 19 anos de idades eram responsáveis por menos que 5% das internações.

Desde abril de 2020, surgiram vários relatos de casos de doença grave relacionada à COVID-19 na população pediátrica, inicialmente na Europa (Itália e Reino Unido) e seguida nos Estado Unidos da América e América Latina; inclusive no Brasil. É uma doença febril, com inflamação sistêmica, isto é, acomete mais de um órgão: coração, rins, cérebro, pele e mucosa, fígado, coagulação, gastrointestinal, pulmões; ainda não tem causa bem estabelecida,  as apresentações clínicas sugerem processo inflamatório exacerbado após contato com SARS-COV-2.  A doença é denominada de Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P).

Os sinais e sintomas mais observados são inespecíficos:

Febre alta e persistente (> 3 dias), vômitos, diarréia, manchas pelo corpo, conjuntivite, hiperemia na mucosa bucal, cansaço, cefaleia, alteração do nível de consciência, convulsão, queda do estado geral, falta de ar, e sinal de choque. É uma doença grave, necessita de internação hospitalar e com frequência na unidade de terapia intensiva.  Ainda não há tratamento específico, para conter a inflamação sistêmica, utilizamos infusão de imunoglobulinas humana e corticoides endovenosas.

Os exames laboratoriais mais observados são alterações de marcadores de inflamação: elevação de proteína C reativa, ferritina e velocidade de sedimentação das hemácias e alterações na coagulação. Nas imagens, observa a dilatação do coração, artérias coronárias até aneurisma coronárias.

As crianças e adolescentes que apresentam quadro febril, com histórico de contato ou infecção de COVID-19 prévia, precisam ser avaliados pelo médico para afastar a SIM-P; o diagnóstico e suporte clínico precoce pode evitar complicações cardíaca ou morte. 

Dra. Yu Ching Lian

Para você navegar neste website, usaremos cookies para melhorar e personalizar sua experiência.