Muitas mulheres podem ser surpreendidas ou mesmo planejar uma nova gestação próxima da outra. Quando isso acontece, surge a dúvida: posso ou não continuar amamentando o bebê que já nasceu?
“Ela pode, desde que não haja contraindicação médica, como ameaça de aborto ou o fato de ter tido partos prematuros anteriores”, opina Elsa Giugliani, pediatra presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A entidade segue a linha do Ministério da Saúde, que recomenda a amamentação se essa for a intenção da mulher e não houver intercorrências na gravidez.
A Associação Americana de Pediatria (AAP) concorda. “Muitas mães não querem abrir mão da experiência e da conexão emocional com o bebê e não precisam interromper a amamentação se assim desejarem”, aponta Joan Meek, presidente da Seção de Amamentação da AAP. Só é preciso monitorar fatores como a nutrição da mãe e o desenvolvimento do bebê na barriga, como explicaremos abaixo.
O outro lado
O assunto, contudo, não é unanimidade. “Quando a mulher descobre estar grávida recomendamos que ela se prepare para o desmame, especialmente por uma questão nutricional, pois ela precisa de mais energia e ambas as situações, gravidez e amamentação, são desgastantes”, diz Antonio Lages, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
De fato, embora as pesquisas ao redor do mundo confirmem que o aleitamento não interfere no curso da gravidez ou no peso do bebê ao nascer, ainda são necessários mais trabalhos para entender se a nutrição da mãe é afetada e como os irmãos amamentados em conjunto se desenvolvem no futuro.
Mas amamentar não impede a gravidez?
A amamentação exclusiva, durante os seis primeiros meses de vida, impede novas gestações por conta da prolactina, hormônio que produz leite e inibe a ovulação. Mas nem sempre o fato de produzir leite significa que a gravidez não virá. O método contraceptivo baseado nessa relação, chamado MAL (Método de Amenorreia Lactacional), só funciona mesmo nesse período.
“E não o consideramos 100% confiável depois dos primeiros 60 dias, então recomendamos que a mulher use outro método, mesmo que menos eficiente, como a tabelinha, para complementar”, explica Lages. Também é importante saber diferenciar a volta da menstruação, que demora para chegar, dos pequenos sangramentos pós-parto, que são normais e podem ocorrer por até 3 semanas depois do nascimento.
Hormônios do leite x gravidez
A prolactina, hormônio responsável pela fabricação do leite materno, não interfere na gravidez. Com o tempo, entretanto, seus níveis diminuem, e continuar produzindo leite depende mais do estímulo constante da sucção. Eis aí uma dificuldade em manter o aleitamento durante a gravidez.
Já a ocitocina, hormônio envolvido na ejeção do leite, está relacionada a contrações uterinas. “Em teoria, ela poderia provocar contrações e o parto prematuro de mães em maior risco, mas o útero responde à ocitocina a partir da 24ª semana”, aponta Sahira Long, pediatra e Diretora Médica do Children’s Health Center de Anacostia, nos Estados Unidos. “Mesmo assim, isso não é um problema em gestações de risco habitual e sem complicações”, completa a médica.
Fonte: Bebe.com.br